terça-feira, dezembro 01, 2009

NO CAMINHO PARA DAMASCO

“.... indo de caminho e já perto de Damasco, ...... grande luz do céu brilhou ao redor de mim. Então caí por terra, ouvindo uma voz..... Levanta-te, entra em Damasco,..... guiado pela mão dos que estavam comigo, cheguei a Damasco”. At 22.6-12


Paulo é o unico personagem da Bíblia em que sua conversão é narrada três vezes nas Escrituras. O texto de Atos 22.6-12 é o mais completo. Nele, a palavra “Damasco” aparece três vezes, transparecendo a importancia do termo.





Não se chega a Canaã sem que passe antes por Damasco

Saulo não imaginava que este caminho a Damasco era o último que haveria de fazer. Autorizado e comissionado para ir a esta cidade com o objetivo de prender cristãos que ali reuniam, teve seus propósitos frustrado por alguém que não conhecia, mas que desse, era conhecido – Jesus.

Fariseu zeloso e cúmplice na morte de Estevão, acreditava que a tarefa de perseguir os crentes era um favor que fazia para Deus. Mas não era. Favor iria fazer o Senhor ao tomá-lo, através de sua graça, transformando-o de perseguidor a perseguido.

Os propósitos de Deus jamais se coadunam com os nossos. Pensamos sempre diferente dEle. Isso se dá porque nossa compreensão é limitada com relação as coisas do céu. Todos os dias percorremos um caminho. Esse caminho pode ser um caminho para Damasco. É o caminho onde Deus nos espreita e nos faz perder o foco natural das coisas para engedrar em nós os seus ideais santos. O caminho para Damasco é o exato lugar para Deus trabalhar da forma como Ele quer e pode, sem que se possa fugir do seu domínio. A natureza e o viver de Saulo requereria que o Senhor agisse com ele de uma forma diferente. Se na época existisse, jamais aceitaria um folheto, um convite para assistir um culto ou até mesmo a convivência com cristãos. Nunca ouviria uma pregação de quem quer que fosse. Portanto, a formula e a forma que Deus usou para converter Saulo foi unica.

A conversão de Saulo foi no caminho para Damasco. O cristão, depois de convertido, ainda percorre esse caminho. Sim!, e porquê? Por que é no caminho para Damasco que recebe-se preparação. Ao contrário, Canaã é lugar para receber quem já está preparado, pronto.

Em Canaã não haverá tempo para se preparar; não haverá tempo para se reconciliar; não haverá tempo para perdoar e ser perdoado. Em Canaã não haverá tempo para resolver picuinhas, eliminar preconceiros, diferenças e divisões. Em Canaã não haverá tempo para perder o orgulho, a soberba e o individualismo. Em Canaã não haverá tempo para realizar obras como prova de fé. Em Canaã não haverá tempo para confessar pecados ocultos, de desvios pornográficos, de idolatria, de rebelião e de mau uso das coisas santas de Deus. Em Canaã não haverá novas oportunidades para quem as perdeu.

Essas coisas todas devem ser tratadas e resolvidas no caminho para Damasco, nunca em Canaã, porque ali isso não será possível.

Concluimos então, que é impossível chegar a Canaã sem que passe antes por Damasco.



“.....perto de Damasco”(6)


Partindo do princípio que os pensamentos de Deus não são os nossos, devemos com urgência adequar os nossos à vontade do Pai. Nossa inclinação é para as coisas dessa vida, e isso não foi diferente com Saulo. Sua formação farisaica não admitia que Deus pudesse agir de forma contrária ao que vivia e pregava. Sua pregação era viver destruindo a igreja de Jesus. Seu zelo carnal lhe cegava o entendimento a ponto de ingnorar que todo aquele movimento em Jerusalém e em outras lugares vinha da parte de Deus. Sua vontade era uma só – perseguir os crentes. Estava cego. E nessa condição foi autorizado a prender os cristãos em Damasco.

Deus não se deixa escanecer. O que o homem planta, colhe.

Saulo já tinha andado um bom percurso. No entanto, “......já perto de Damasco”, aconteceu algo que mudou a vida daquele fariseu: Próximo às doze horas do dia, repentinamente, ao seu redor, brilhou uma grande luz do céu. A luz lhe trouxe a cegueira física, por que a espiritual já existia. Deus interviu e não permitiu que Saulo chegasse a Damasco.

Da mesma forma acontece conosco quando traçamos caminhos outros que não os de Deus. Ele jamais permitirá que cheguemos sem que antes nos submetemos ao seu senhorio. Pensamos em fazer o que quizermos, demonstrando com isso, que não estamos nem ai para Deus. Ledo engano. O máximo que conseguiremos fazer é chegar perto, nunca em Damasco. Isto por que estamos cegos.

Quando se age assim vive-se a mesma euforia de Paulo ao perseguir os cristãos. Justamente neste ponto o Senhor nos pára - perto de Damasco. Ali, o Pai das luzes atua e demonstra o seu domínio sobre a criatura. Mostra-nos a cegueira espiritual, as trevas que estamos envolto; deruba-nos da condição carnal a fim de entender o seu agir; revela-nos o seu poder mostrando a nossa pequenez aos seus propósitos; nos faz ouvir a sua voz para esclarecer o quanto distanciados estamos dEle; mostra-nos o engano que é a vida do homem quando este desconhece o unico e verdadeiro Deus.

Por outro lado, “perto de Damasco” também acontece coisas gloriosas: é ali que Jesus revela sua graça, amor e bondade ao injusto; naquele lugar O Nazareno entende as angústias, aflições e lutas do perdido; ali o Salvador do mundo quebra todos os tabus, mitos e lógicas humanas, para do céu, agraciar o pecador imerecido. “Perto de Damasco” é o lugar ideal para o encontro do zeloso ignorante com o seu Deus; É onde o bálsamo de Gileade é derramado sobre o mais vil ser para transformá-lo numa nova criatura. “Perto de Damasco” o Senhor é glorificado em nossas vidas. Graças a Deus que não chegamos a Damasco do modo que estávamos .

E você, está “perto” ou já “entrou” em Damasco?


“....Levanta-te, entra em Damasco”(10)

Humilhado, cego, perdido, desapontado consigo mesmo e caído, Saulo agora se vê numa condição oposta quando saiu de Jerusalém. Pior!, dependendo daqueles a quem liderava.

Sem poder enxergar, tateou entre os seus pertences e achou um papel. Era a carta. A carta que obetve do sumo sacerdote e de todos os anciãos de Jerusalém no intuito de trazer presos os irmãos em Damasco. Pensou e sentiu-se frustrado por não mais poder cumprir sua missão. O que fazer? Restava-lhe uma coisa. O confronto da carta com o diálogo dele com Jesus. Ele, Saulo, na terra; Jesus, no Céu.

Este ponto é muito significativo para mim como servo. Nosso salvador a tudo pode fazer, até mesmo se submeter a condição de dialogar com os homens. Enquanto há muitos que preferem falar com o “bicho”; Jesus, neste texto, demonstra o seu interesse em conversar com o homem.

Saulo precisava decidir sua vida ali. Voltar a Jerusalém e continuar sendo um fervoroso oponente à causa cristã ou seguir adiante, crendo no que ouviu e a quem lhe apareceu. Momento de decisão, de dúvida, de incerteza ou de crer no invisível. De fé.

Foram momentos cruciais para Saulo. O ponto máximo desses instantes foi exatamente a pergunta que fez ao Senhor. Antes, porém de falar dela, primeiro observo o amor do meigo Salvador. Ele respeitou o livre arbítrio de Saulo na escolha deste para segui-lo. Ainda que o Mestre tenha dito que seria duro resistir, ainda assim vejo o quanto o amor de Deus é sublime e verdadeiro a ponto de dar-nos o direito de escolha, mesmo que essa conduza o pecador para o abismo. Servir a Jesus deve ser um ato espontâneo da mesma forma que nos concedeu o direito de crer no seu sacríficio .

Existe amor igual ao dEle?

Voltando a pergunta de Saulo: “...que farei, Senhor?” Aqui o ponto determinante onde Saulo deixa claro o seu desejo de seguir o Mestre da Galiléia. Deste modo ele demonstra toda sua fé e não mais o zelo sem causa. Creio que essa decisão veio acompanhada de uma reflexão de momentos passados. Como o consentimento na morte de Estevão. Pensou consigo: ajudei a matar um inocente. Pensou mais: as pedradas que desfiguraram e levaram à morte aquele servo de Jesus, não foram suficientes para abafar o brilho da glória de Deus no seu rosto. Saulo contemplou esta cena. Foi mais fundo: Lembrou-se das palavras que Estevão proferiu quando era apedrejado por seus algozes: “Eis que vejo os céus aberto e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus”. Mais: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”. Mais uma: “Senhor, não lhes imputes este pecado!”. Por último: lembrou-se que recebera um troféu pelo assassinato de Estevão - as vestes que as testemunhas deixaram aos seus pés.
hhhh


Não há nada mais gratificante para nós mortais do que receber da parte de Deus o conforto necessário nos momentos que precisamos. Saulo precisava disso agora. Ele obedeceu a Jesus não porque estava em condições adversas, pelo contrário. Ao ver-se nesse estado, concluiu que era consequência de uma vida espiritual desastrada, ociosa e vazia. Era o efeito inútil e vã de uma religião que não o religara a Deus, que não lhe trazia paz e que só primava pelos rituais, formalidades e aparências sem nada acrescentar a quem a ela servia.

Deus permitiu situação humilhante a Saulo para mostra-lhe o seu poder, a sua vontade e o seu plano na obra que realizaria através dele. Ele entendeu tudo isso. Pois perguntou ao Senhor o que era para ser feito. Jesus respondeu: “Levanta-te, entra em Damasco”.

O termo “levanta-te”, admite-se, só é dito para quem está caído. Este era o conforto que Saulo esperara de há muito – levantar-se. Esse ato ele o fez, ajudado pelos outros, com muita alegria. Pois quando profere a palavra Senhor, sua alegria transborda ao dizer: “agora eu tenho um verdadeiro guia”; “agora eu tenho um Senhor; agora eu tenho um Salvador”; e, “agora não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim”.

Muitos homens de Deus foram levantados assim como Saulo. Cresceram e tiveram o ministério frutificado. No entanto, suas vaidades foram içadas além do suportável. Suas aberrações doutrinárias ultrapassaram a barreira do tolerável. Seus métodos bizarros e absurdos de conduzir o rebanho de Deus não se encontram em nenhuma parte das Escrituras sagradas. Sua vidas de luxúria e enriquecimento ilícito, fazem vergonha a qualquer políticos corruptos e bandido que legisla em causa própria. Enquanto isso, a obra missionária, que é prioridade da evangelização, está estacionada e relegada a plano secundário. Templos e mais templos são construídos. Mas não só isso. São construções portentosas onde a estética e o visual dão a cara para mostrar que Deus aprova essa megalomania em detrimento do mais importante – a salvação de almas. Esses, vão colher o que estão plantando.

O complemento da resposta de Jesus a Saulo indica o cuidado que o Mestre tem pelos seus: “..... ali te dirão acerca de tudo o que te é ordenado a fazer”. Saulo continuou seu caminho para Damasco sabendo que tudo estava preparado, não mais pelo homem, mas, agora, pelo seu Mestre.

Em que situação precisas ser levantado?



“..... cheguei a Damasco”(11)

Para cada circunstâncias que se cria, Deus tem preparado uma solução. Precisamos confiar.

Saulo estava experimentando agora, em que pese um período curto, uma nova postura em seu viver. Não conduzia, era conduzido. Sem poder ver com os olhos normais, cria piamente que o Senhor o levara a uma nova dimensão espiritual. O vazio na alma foi ocupado pelo Espírito de Deus. A indiferença espiritual cedeu lugar ao temor. O zelo desnecessário foi substituído pelo amor e a fé em Jesus. Os textos paralelos nos adicionam mais informações acerca da vontade de Deus para Saulo. Constituiria ele um ministro de sua palavra e testemunha das coisas que viu e também das quais ainda iriam aparecer.

Mas Saulo precisava chegar a Damasco.

Deus queria que ele chegasse a Damasco não mais com os propósitos malignos contra os crentes. Agora, o objetivo era outro, bem diferente do primeiro. Sua chegada era para restabelecer sua visão e receber as primeiras palavras como novo membro da família de Deus.

Deus não deixa tarefa nenhuma incompleta. Ele interviu na vida de Saulo de forma impactante, não ia pois deixá-lo assim. Permitiu-lhe a cegueira mas iria restaurá-la. E assim fez.

Uma coisa interessante, que nos chama atenção e nos enche os olhos de alegria, é o relato final da chegada de Saulo a Damasco, retratada no verso onze, quando Saulo diz: “guiado pelas mãos dos que estavam comigo, Cheguei a Damasco”.

Quando Saulo foi ao chão, pode ter ele pensado que ali seria o fim da carreira. Planejou ir ele aquela cidade com o seu modo de ser, pensar e agir. Não foi. Deus o fez chegar a Damasco sim, mas do jeito dele. Quando o Senhor intervém em nossos caminhos, certamente chegaremos, mas da forma que Ele quer. Ainda que ajudado por outras mãos.

Deve ser a pretensão de todo cristão chegar a Damasco, pois Canaã é logo ali.

Chegar a Damasco é estar revestido de uma nova criatura. É recuperar a visão que outrora foi perdida. É receber o milagre da restauração. É focar o sobrenatural pela fé. É possuir novos amigos e verdadeiros irmãos. É contabilizar experiências que serão úteis no amadurecimento de outros. Ė possuir uma nova espectativa para a própria vida e para o reino de Deus.
Não muito tempo depois, Jesus troca o nome de Saulo para Paulo.

Onde estamos? No caminho, entrando ou chegando a Damasco? Mas Jesus está contigo, não?
BBLL
MMMM
Editado do sermão pregado por Pr. Ramos em 30 de nov 2009, na Catedral de Adoração em Naples, FL.


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