Qualquer líder ou crente que tenha
tentado organizar e dirigir uma instituição para Deus, ou implementar um
programa, tem descoberto que forças opostas resistem ao progresso que ele
vislumbra.
Até mesmo na natureza encontramos
exemplos de resistência. Todo movimento inicial na Terra, para ser levado à
frente, encontra resistência. Somente no vácuo é que objetos podem seguir
adiante sem obstáculos ou oposições. Um líder ou cristão eficiente, pede a Deus
sabedoria para saber como superar a resistência e tornar a oposição em algo
vantajoso para ele.
Primeiro obstáculo: Incredulidade
Na maioria das vezes que tentamos
realizar a obra do Senhor, encontraremos atitudes de pessoas que exclamam:
"Isso não pode ser feito".
O entusiasmo pode ser baixo e a
falta de motivação pior ainda, ambos componentes criam uma parede de
resistência alta e espessa.
Jesus ficou indignado diante da
incredulidade de seus seguidores. "Ó geração incrédula, até quando estarei
convosco? Até quando vos sofrerei?" (Mc 9.19). A resistência do demônio
controlando o menino, nessa história dramática, fez com que os discípulos
diminuíssem suas expectativas. Eles tinham feito tudo que eles sabiam fazer,
mas o espírito imundo não tinha saído do garoto. A impotência dos discípulos
exerceu um efeito negativo no pai. Quando Jesus desceu do monte, o pai trouxe o
jovem para Jesus, mas, por pouco, sua esperança havia sido destruída. As
palavras do pai, "mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e
ajuda-nos" (v.22), provocou a exclamação de Jesus: "Se podes! Tudo é
possível ao que crê" (v.23).
Essas palavras de Jesus devem ficar
gravadas no coração de todos os candidatos à liderança piedosa. Quer sua visão
exija a implementação de grupos pequenos, que efetivamente cuidem de cada um de
seus membros e alcancem a vizinhança com zelo evangelístico; ou, a
transformação de panelinhas na igreja em um "corpo" genuíno, repleto
do amor e da ajuda mútua, o líder precisará de grandes dosagens de fé.
Segundo obstáculo: Inconstância
Tiago alerta-nos de que o homem inconstante é instável em
todos os seus caminhos (Tg 1.8). Esse termo pode ter mais de um significado.
Ele pode referir-se à pessoa que não é sempre honesta e sincera. Ela talvez
diga uma coisa na presença de uma pessoa, mas outra coisa na sua ausência,
"o que é arruinador para relacionamentos harmoniosos".
A inconstância leva o crente a negar, na prática, aquilo que
professa com os lábios. Alguns
líderes são inconfiáveis; e alguns seguidores são inconstantes. Eles não estão
dispostos a pagar o preço do envolvimento. O compromisso com Deus e o seu
serviço se tornam esporádicos e passageiros.
Saul, o primeiro rei de Israel, oferece um exemplo desse fracasso
torpe na liderança. Primeiramente, ele parecia aceitar a ordem do Senhor para
destruir totalmente os amalequitas e suas posses. Porém, quando chegou o
momento crucial de submissão à ordem do Senhor, ele fez o oposto (1Sm 15). Saul
ponderou sua decisão, assumindo que sacrificando algumas das ovelhas perfeitas
e dos bois que o povo tinha capturado (v.15), agradaria a Deus; assim, ele se
apossaria do melhor do despojo. Provavelmente, ele queria obedecer a Deus, mas
ele também quis agradar ao povo, permitindo que eles guardassem parte do
despojo. Saul provocou a ira de Deus e perdeu o reino. "O SENHOR rasgou,
hoje, de ti o reino de Israel e o deu ao teu próximo, que é melhor do que tU.
Também a Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem,
para que se arrependa” (1Sm 15.28,29).
Terceiro obstáculo: Desânimo
Entre as barreiras negativas que um líder ou crente precisa
superar está o desânimo: aquela atitude de apatia e entrega a um negativismo
prevalecente.
O desânimo, como é sugerido etimologicamente, significa a perda de
ânimo, uma carência de esperança e de
algo que possa motivar a pessoa a continuar se esforçando se faz presente.
A coragem para continuar exige
alguma esperança do sucesso, mas, quando os crentes perdem a esperança aparece
o desânimo, transformando o futuro em cinzas e decadência.
Lideres espirituais têm a função de injetar a esperança. Eles mesmos precisam ter esperança, como Moisés quando
implorou a Deus que não destruísse Israel depois do episódio do bezerro de
ouro, que virara objeto de idolatria. Como podemos ver em Êxodo 32, talvez
pudéssemos facilmente concluir que Deus houvesse se desanimado mais com Israel
do que o próprio Moisés. Realmente, esse foi um teste que esse líder notável
passou sem vacilar. Ele não permitiu que a ambição pessoal distorcesse a sua
perspectiva. Não permitiu também que a dura cerviz do povo destruísse a sua
esperança. Essa é a razão que ele suplicou para que Deus não acendesse sua ira
contra o povo (Ex 32.11-13).
Paulo muitas vezes teve que vencer a atitude avassaladora do
desânimo. Ele enfrentou toda razão
imaginável para o desespero. Considere as igrejas da Gálacia, abraçando a idéia
falsa de salvação baseada na circuncisão e no cumprimento da lei.
Pense no relacionamento de Paulo com a igreja de Corinto. A
divisão, a imoralidade, a idolatria, a visão distorcida dos dons do Espírito, a
incredulidade da realidade da ressurreição, os comentários acusando Paulo de
mentira, o desprezo por sua presença física em Corinto (2Co 10.10) e a
desobediência. Contudo, o apóstolo lutou contra a repugnante serpente do
desânimo. A frase chave, "ouk engkakoumen" (2Co 4.1,16) significa "nós
não desanimamos" ou "nós não desfalecemos". Ele afirma aos
coríntios que: "temos [...] sempre bom ânimo" (5.6), porque ele podia
acreditar que todas as tribulações nesta vida são temporárias e de curta
duração (4.17), enquanto que a recompensa pela fidelidade tem eterno peso de
glória.
Deus escolhera não dar alívio a Paulo de seu espinho na carne,
contudo, este não cedeu à depressão, mesmo quando é provável que a tentação
ainda continuasse tenazmente em seus passos.Embora
completamente inocente da culpa, ele foi forçado a gastar quatro anos de sua
vida, em prisões. O desânimo certamente bramiu para ele como um cão bravo ou um
"leão rugindo" (1Pe 5.8).
O desânimo e a depressão são as maiores ameaças para qualquer
grupo ou igreja que esteja passando por perseguições ou tribulações. Os cristãos judeus, para quem fora escrito a carta aos
Hebreus, estavam à beira do retorno ao judaísmo. O autor escreveu: "Não
abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão" (Hb
10.35).
Pedro escreveu para os cristãos perseguidos da Ásia menor com
palavras animadoras: "Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no
meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos
estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois
co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de
sua glória, vos alegreis exultando" (I Pe 4.12-13). Quando enfrentamos circunstâncias que criam desânimo,
a Bíblia nos dirige para o nosso Senhor que sofreu infinitamente mais do que
qualquer um de nós. Isso também ergue nossas cabeças para contemplar o futuro
glorioso dos filhos de Deus (Rm 8.17).
Quarto obstáculo: Estagnação
Howard Hendricks, professor do Seminário de Dallas, escreveu
sobre seus primeiros dias como um aluno em uma faculdade cristã. Indo trabalhar
às 5h30, ele passava em frente da casa de um professor. A luz acesa do seu
escritório significava que ele estaria estudando. Quando ele retomava da
biblioteca às 22h30, lá estava a mesma luz acesa brilhando. Aquele professor
estava sempre estudando atentamente seus livros. Um dia, Hendricks convidou-o
para um lanche. Ele interrogou o professor: "O que o mantêm estudando;
parece-me que você nunca pára”? "Filho", ele replicou, "eu
prefiro ter meus alunos bebendo de uma corrente de água em vez de uma piscina
estagnada".[2]
Um cristão precisa manter renovado o
seu vigor nas Escrituras, no seu caminhar com o Senhor e na sua área de
perícia. Do contrário, ele perderá a credibilidade por parte daqueles que
também tenham acesso à fontes boas de informação.
Quinto obstáculo: Inveja
Assim, a inveja poderá manifestar
suas garras dentro de uma igreja.
Tiago e João, discípulos líderes na
embrionária Igreja de Jesus, solicitaram as posições mais elevadas no reino
para quando Jesus entrasse em sua glória (Mc 10.37). Jesus os informou que eles
não sabiam o que estavam pedindo. O custo seria participar no batismo de Jesus,
e o beber do cálice, que Jesus beberia. Mesmo assim, eles não poderiam garantir
o privilégio de sentar-se à direita ou à esquerda do Rei. A reação natural dos
outros discípulos por causa do pedido dos filhos de Zebedeu foi a inveja
indignada. O erro inicial que Tiago e João cometeram ao pedir pelas posições
mais elevadas de honra no Reino levantou a seguinte questão: "Porque eles
deveriam receber mais glória e poder do que as outras pessoas"?
Uma conferência missionária há alguns anos, em Curitiba, reuniu
vários obreiros de diversas localidades do Paraná. Uma das perguntas que eles precisavam comentar era:
"Qual é o pecado que você está mais propenso a cair"? A maioria
escolheu a cobiça e a inveja como a tentação mais sedutora que eles tinham que
enfrentar.
A cobiça tem um efeito nocivo na comunidade porque aqueles que são
afetados por ela não podem fazer outra coisa, senão, expressar seus sentimentos
e arruinar a autoridade do líder. As pessoas invejosas são críticas. Quem sabe,
talvez, o líder caia, e eles poderão tomar o seu lugar? A queda de Satanás foi
ocasionada pela cobiça. Os cristãos são encorajados a por de lado toda a cobiça
(1Pe 2.1). Isso, porém, não significa que não será um problema. Podemos somente
admirar o exemplo de Barnabé por seu espírito humilde quando Paulo assumiu a
liderança na primeira viagem missionária. Evidentemente, este homem magnífico
conquistou a inveja.
Sexto obstáculo: Soberba
Todos nós somos, infelizmente, somos suscetíveis à soberba; um
impedimento que é muito mais sério do que a maioria das pessoas pensam. Ela é
muitas vezes fatal. Um cristão soberbo raramente ouve a voz dos outros, pois é
auto confiante.
Ele pensa que sabe, acima de todos,
como dirigir o grupo. A soberba faz com que seja impossível de uma verdadeira
dependência de Deus e o ouvir sua voz. Sem a direção divina, um líder soberbo
será impetuoso e tomará decisões sem a reflexão necessária ou a troca de
idéias. Há boas razões para a Bíblia declarar que a soberba vem antes da queda.
Cristãos ou lideres lideres soberbos aprendem pouco com os seus
erros. Muito obsessivos com a
necessidade de defender as suas decisões, por pior que sejam as conseqüências,
eles aproveitam pouquíssimo das experiências negativas. Não tendo ouvidos
abertos para os conselhos, eles marcham adiante, esperando que irão provar que
são os melhores. Eles seguem os passos do apostador obsessivo que mantém a sua
confiança de que vencerá na próxima vez, embora ele tenha perdido fortunas
inteiras.
Jamais poderíamos negar que Pedro foi um líder. Porém, Pedro
superou a sua soberba com a graça de Deus. Quando
ele sugeriu o levantar de três tendas no monte da Transfiguração, Deus o repreendeu.
Quando pisou fora do barco na tempestade no mar da Galiléia, começou a afundar,
até que o Senhor estendeu-lhe a mão. Confiante, declarara sua lealdade, mas,
três vezes negando a Jesus, ajudaram-no imensamente a reconhecer sua fraqueza e
a depender mais seriamente do Senhor (note as frases: "Tu sabes todas as
coisas, tu sabes que eu te amo" (Jo 21.17). Pedro, em sua idade avançada,
escreveu: "Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que
ele, em tempo oportuno, vos exalte" (1Pe 5.6). A tradição informa-nos que
Pedro morreu crucificado em Roma. Em sua humildade, ele rejeitou ser
crucificado como o seu Senhor tinha sido, então, ele pediu o direito de morrer
na cruz de cabeça para baixo.
Deus se opõe aos soberbos (Tg 4.6). Ele dá graça e assiste aos humildes. O Senhor convidou
os seus seguidores para aprenderem a humildade na sua companhia (Mt 11.28,29).
Conclusão
Esses seis obstáculos contra aqueles
que servem ao reino são apenas uma amostra das formas variadas que um líder
poderá fracassar.
Deus nos chama para vencer, e a
vitória no serviço vem quando estamos dispostos a superar tudo através da
dependência da graça de Deus em nossas vidas.
Fonte: Pr. Josias Moura

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