É comum encontrar pregadores que não
preparam sermão, deixam a coisa inteiramente por conta do Espírito, da unção,
do repente. Há também os repentistas que gostam mesmo de perder tempo, porque
dedicaram-se no preparo do sermão durante a semana por algumas horas e mudam
tudo cinco minutos antes de subir ao púlpito.
Já observei que é típico desse
pessoal dizer que a mudança do sermão aconteceu aos 45 do segundo tempo e que a
entrega da Palavra foi uma bênção, o poder de Deus verdadeiramente se
manifestou, pessoas foram tocadas e blá blá blá. Pode até ser, mas custo a
acreditar!
Se o Espírito está com o pregador
repentista para entregar a ele uma mensagem poderosa no momento da pregação,
por que não estaria com ele antes para entregar a mensagem no momento de preparo
do sermão? Ou ele nega a onisciência do Espírito para conduzi-lo na mensagem
que deveria ser pregada naquela noite em particular ou o Espirito sobre ele é
assim meio no estilo de Saul, entre e sai... Estranho, não é!?
Se o Espírito que está com ele no
púlpito é o mesmo que permanece com ele, conduzindo-o em tudo, nos momentos
entre púlpitos, só posso mesmo crer que é o fator emoção a causa da mudança no
sermão. A mesma emoção que envolveu o pregador repentista antes do púlpito,
durante a parte inicial do culto, é também responsável pela avaliação dele da
eficácia do repente improvisado.
Nosso estado de espírito influência
nossa percepção do mundo. Para uma pessoa deprimida, tudo está ruim; para uma
pessoa eufórica, tudo está uma beleza! Outro efeito da histeria emocional do
repentista é a sua influência sobre a audiência. Um animador de auditório deve
ser eufórico para contagiar as pessoas. Coloque o Spock na frente do auditório
e espere a interação da plateia... Nada!
Se o repentista já foi arrebatado
pela emoção, é evidente que ele estará mais apto a envolver seus ouvinte,
colocando-os no mesmo nível de excitação emocional, e a predisposição natural
da plateia para essa “empatia eufórica” com o animador de auditório é fato já
muito bem conhecido e explorado! Se assim não fosse, não seria tema de estudo
de quem trabalha com teatro, comédia, apresentadores de show de auditório, etc.
Converse com um dublador de filmes por cinco minutos e entenda a dificuldade da
dublagem de harmonizar a cena com tom emocional da fala do personagem dublado.
Se toda a cena é de completa euforia, e o dublador fala como quem acaba de
enterrar o pai, a emoção é perdida. Se o filme é um drama e convidam um
comediante inveterado para dublar todas as falas com ar jocoso, a angústia do
drama vira um deboche para a percepção dos ouvintes. Quem poderá chorar e
envolver-se com o drama dos personagens assim? Ninguém!
Não é verdade também que uma das
grandes armas dos ilusionistas é envolver sua audiência emocionalmente. Verdade
ou não? Se o mágico não souber arrebatar as emoções de sua plateia, certamente
não conseguirá iludir ninguém!
Há verdadeiros
homens de Deus por aí que são usados para falar coisas grandiosas no momento
certo. Aquela palavra para qual não houve preparo, e Deus, por misericórdia,
usa o vaso para entregar uma Palavra eficaz para sua Igreja. Mas esses casos
são raros... Estou cansado de ouvir mensagens vazias em nome da emoção.
Vi no site do André R. Fonseca

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