Quando a espera é longa e a resposta não chega

Uma das coisas mais difíceis do ser humano tolerar é a espera. Principalmente quando essa espera é por algo importante. Creio que seja por isso que se adjetiva um enfermo no hospital de “paciente”. Certamente que é para conscientizá-lo de que deve esperar pacientemente até a que a cura chegue. Esperar leva fatalmente ao termo paciência. E o que vem a ser paciência?

Paciência é a capacidade de tolerar contrariedades, dissabores, infelicidades. É o sossêgo com que se espera uma coisa desejada. É perseverânça.

Davi, o salmista, foi profeta, rei, músico, compositor e cantor. Com tantas qualidades e talentos assim não era para ser uma pessoa paciente, mas foi. O pai de Salomão passou pelas mais diversas experiências da vida e a paciência foi a sua virtude mais utilizada. Antes de tomar posse do trono em Israel, cumpriu o tempo de espera necessário para Deus cumprir sua promessa. Foi paciente de tal maneira até o ponto de sofrer todo tipo de afronta e ameaça de morte. O efeito das perseguições certamente o faziam questionar o Senhor através de orações. E essas eram constantes. Faziam parte intrínseca do seu ser. Sabia que quando clamava Deus o respondia trazendo alivio parta sua alma. Davi era um homem de oraçao, por isso era paciente.

No entanto, havia algo que intrigava Davi. Das resposta de Deus às suas orações, o Senhor não lhe falara sobre a duração do tempo antes de assumir o trono. Que tempo teria de esperar? Seria longa essa espera? Certamente, na sua intimidade com o Pai, ele abordara por muitas vezes, orações como esta: “Senhor, tu me ungiste rei de Israel. Porém, ando peregrinando aqui e acolá, sem paradeiro certo, fugindo de Saul e seus soldados. Visitando lugares não imaginados, e frequentando ambientes hostis dos inimigos do teu povo. Quando tu me elevarás ao trono de Israel?

Essa oração era o efeito da angústia por que passava Davi antes de receber a coroa. A paciência de Davi é um exemplo a ser seguido. Muitos querem logo a coroa esquecendo que primeiro devem ter a unção e o chamado de Deus.

Mas agora o tempo passara e a coroa não vinha. Sabia do seu chamado e que já fora ungido por Deus para ser rei. A oração que supus acima, talvez, tenha sido o unico tipo de oração que Davi não obtera resposta do seu Deus. Mas ainda assim continuava confiante e paciente, mas.... até quando?

Esta, talvez, seja a frase mais repetitiva em oração quando se espera uma benção prometida por Deus e esta demora a chegar: “....até quando, senhor?”

No salmo 13, Davi inicia seu cântico usando a expressão “até quando” por quatro vezes:

“Até quando te esquecerás de mim, SENHOR? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?”

Quando lemos esta frase - “até quando” -, na oração de Davi é possível entender que o salmista estava querendo uma resposta de Deus para algo que ainda não acontecera. Percebe-se que nas palavras que completam a oração revelam esse significado: “...esconderás de mim o teu rosto”; “...consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia?”; e, “...se exaltará sobre mim o meu inimigo?”

Davi esperava por uma resposta a qual não chegara. Não estava mais suportando tamanha ignomínia. É bem verdade que mesmo longa a espera isso nunca o moltivou a desistir. Manteve-se firme e confiante naquele que prometeu pois sabia que um dia se cumpriria. E isto aconteceu.

Os anos que Davi esperou para tomar posse do reinado de Israel foram longos para ele, mas o tempo exato de Deus.

Parece que Deus não tem uma delivery rápida como o sedex ou o fedex. Ele opera sua resposta de acordo com seus planos, independente do tempo que esperamos.

Enquanto a resposta de Deus para nós não chega, devemos fazer o que recomenda o irmão do Senhor, Tiago em 5.8a:

“Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações...” (Tg 5.8a)

“Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia;” (2 Pe.3.9a)

“Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;” (Rm 12.12a)