Geovanni, jogador do Santos profetiza a vitória do clube como campeão paulista.
O jogador contou numa entrevista que Deus lhe avisou que seu clube – o Santos, seria campeão paulista de 2010.
De que forma foi isso? Segundo o meia-atacante, que é evangélico, a revelação sobrenatural veio numa madrugada de um sábado, 5 de dezembro de 2009, em que não dormira muito bem e, grogue em razão da hora, foi ao banheiro e ali recebeu a revelação. Ouviu nitidamente e por duas vezes, uma voz que dizia: “Lucas 14.17”. Em seguida foi comprovar o que ouvira com o que diz a Bíblia, que assim narra: “À hora da ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado”.
Desse modo, concluiu que fora avisado por Deus a retornar para o ex-clube(do qual foi dispensado no início de 2006), para ser campeão.
– Vocês, torcedores, podem ter certeza de que meu fim de carreira aqui no Santos será com um título – disse, à época, o jogador.
Não quero aqui afirmar que a voz que Geovanni escutou não proceda de Deus. No entanto, o versículo trás uma compreensão divergente da interpretação dada pelo jogador.
Qualquer revelação que não se coadune com a palavra de Deus deve ser rejeitada, mesmo a que recheada de evidências.
O verso que escutou Geovanni está inserido no contexto da parábola da grande ceia, proferida por Jesus.
Para nos situarmos, é preciso ir ao início do capítulo 14 para uma melhor compreensão.
Um sabado, Jesus entrou na casa de um fariseu para comer pão. Ali curou um homem que sofria de hidropsia(popular Barriga d’água). Observado por todos mas a todos observando, viu que o interesse dos convidados para o jantar era buscar assento mais perto da cabeceira da mesa, motivo pelo qual propôs-lhes uma parábola - a dos primeiros lugares. Nesta, o mestre da Galiláia ensina sobre a humildade para futura exaltação no reino celestial. Depois voltamos a ela.
A partir do verso 15, Jesus inicia a parábola da grande ceia. A narração foi em razão de um aparte dado por um dos que estavam com ele à mesa, que disse: “Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus”. Em síntese, o discurso de Jesus consiste em segundo o comentário de Warren W. Wiersbe:
“Os judeus concebiam seu reino futuro como um grande banquete com os patriarcas como convidados de honra(Lc 13.28; Is 25.6-9), e Jesus usou este quadro para ilustrar a importancia de aceitar o convite de Deus ao “banquete da salvação”. A salvação é um banquete, uma festa, não um funeral; tudo o que necessitamsos já está provido. Tudo o que temos que fazer é aceitar o convite: venham e estarão satisfeitos!
Quando uma pessoa planejava um banquete dizia aos convidados o dia da festa, mas não a hora. Teria que saber quantos iriam a acudir para poder matar suficientes animais e prover suficiente alimento. Os serventes só iam quando a hora da festa estava próxima e diziam aos convidados que viriam. Os convidados nesta parábola ja haviam concordado em vir; mas voltaram atrás. Suas ações e excusas foram tanto uma terrível ruptura da etiqueta como um insulto para o anfitrião.
As três pessoas tinham excusas fracas. No Oriente, as transações de propriedades são longas e complicadas; e, como poderia examinar a propriedade na escuridão? No entanto, qualquer que comprasse dez juntas de bois sem antes prová-las era um néscio. Por último, a esposa do terceiro homem não teria em realidade nada que ver com a atividade, porque usualmente no se convidava mulheres para as festas públicas. Era só uma desculpa.
Teve duas resposta do anfitrião: fechou a porta aos que apresentaram escusas e buscou a outros que ocuparam seus lugares no banquete. Deus quer que sua casa se encha; e se os que foram convidados não vão vir, Ele chamará a outros”
Desse modo, nao se pode entender como Geovanni associou seu desejo de retornar ao Santos, encaixando-o ao versículo que diz ter ouvido na madrugada, quando na realidade a passagem bíblica refere-se a outra coisa.
Há um outro fato, do qual me valho, para mostrar uma realidade que Geovanni deve saber. Está na parábola dos primeiros lugares, que tem correlação com a da grande ceia. No capítulo 14.10 de Lucas, diz:
“Mas, quando fores convidado, vai e assenta-te no derradeiro lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, assenta-te mais para cima. Então, terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa”.
O futebol e uma paixão do brasileiro. Alguns dizem que está no sangue; eu diria que o sangue é que está no futebol. De qualquer forma é uma prática mundana, não tendo nenhuma ligação espiritual com o reino dos céus. Assim sendo, entende-se que Deus não iria honrar Geovanni, ainda que sendo seu filho, sendo o futebol uma atividade de exaltação puramente humana e restrito só a esta vida.
Para comprovar com respostas, pergunta-se: Quem foi exaltado com o título do Santos?
O Neymar, por ser um génio iniciante no futebol;
O Ganso, pelo futebol que apresentou e sua atitude rebelde de não sair quando o técnico quis trocá-lo;
O Robinho por ser uma estrela (de)cadente;
O Dorival, os reservas e a diretoria do peixe pela catimba, pressão e o anti-jogo que fizeram fora do gramado, nos minutos finais do jogo;
A beleza estética e física da bandeirinha Maria Eliza, que a imprensa popularizou pela anulação de um gol legítimo do Santo André;
O futebol moleque dos meninos do time durante o campeonato;
O futebol do Santo André que jogou melhor e venceu as duas partidas finais.
Onde Deus foi exaltado em tudo isso? Qual dos santistas, do presidente ao último torcedor, atribuiu ao Senhor alguma glória pela conquista?
Deus não dá sua glória a ninguém.
Interpretar um versículo bíblico como sendo uma profecia a se cumprir para uma atividade extremamente mundana onde o próprio Deus não tem lugar para ser adorado é pretensão herética e vulgarizar o sagrado. É procurar sentar nos primeiros lugares que o mundo oferece para agradar os que exerce influencia e honrar os que nao honram a Deus.
Geovanni, já está tudo preparado pelo Senhor, mas para irmos ao céu, viu?

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