“Que pregues a palavra, instes a tempo e
fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e
doutrina” (2 Timóteo 4.2)
Creio que essa era a principal preocupação
do apóstolo Paulo ao escrever esta segunda carta a Timóteo. De fato, o jovem
Timóteo jamais deveria ser levado por outras distrações que lhe desviasse o
foco da mensagem cristocêntrica. Podemos dizer que o conselho dado a Timóteo
não tem sido muito bem aproveitado por muitos pregadores do século 21. Em
muitas igrejas o foco da mensagem cristocêntrica tem sido substituído por
outras coisas totalmente alheias e desnecessárias.
Temos visto muitas “pregações” que nos
deixam estupefatos e até mesmo preocupados. Devemos esclarecer que o nosso
objetivo aqui não é ensinar a pregar a palavra, mas identificar e alertar sobre
alguns desvios cometidos no meio do arraial dos santos. Mencionaremos pelo
menos 10 incoveniências que freqüentemente ocorrem nos púlpitos de nossas
igrejas, os quais devem ser evitados:
1. Abandonar o
texto
Pregar a Palavra não consiste em ler um
texto bíblico e imediatamente abandoná-lo para em seguida falar da própria
experiência, dos sonhos, visões e conquistas espirituais e seculares. Por mais
que tenha algo de interessante, nada deve substituir a exposição da Palavra. A
exposição da Palavra por sua vez não deve ser confundida com a narração de
várias histórias sem vínculo algum com a passagem em pauta. Iniciar, por
exemplo, com a parábola do filho pródigo e completar com a cura do cego de
Jericó e concluir com a mulher samaritana sem fazer a devida contextualização e
aplicação prática. Isto feito pouco se aproveita. A falta de objetivo na
pregação dificulta a compreensão por parte dos ouvintes. Esse tipo de pregação
tem sido muito favorável às conversações paralelas na igreja.
Fomos chamados para dizer o que Deus disse
em sua Palavra. Ez 33.7
2. Usar citações
indevidas
Pregar não é citar intelectuais do mundo
secular, dizendo o que eles pensam ou pensavam sobre Deus, sobre o pecado e
sobre quaisquer assuntos espirituais. A igreja não está interessada em saber o
que um sociólogo, psicólogo, ou filósofo tal disse sobre Deus, sobre o pecado,
sobre a família, etc. O que importa para a igreja é o que Deus diz em Sua
palavra.
Um homem por mais intelectual que seja, se
não for um homem de Deus, a sua teologia não é correta, e portanto descartável.
Sempre que o apóstolo Paulo precisava fundamentar seus argumentos ele se
expressava assim: “Mas o que diz a Escritura?” (Gálatas 4.30)
3. Exagerar falando
das novidades do mundo secular
Igualmente, pregar não é gastar boa parte
do tempo tempo falando das tecnologias do século 21, de política ou mesmo
comentar conteúdo de filmes, novelas ou noticiários veiculados na internet.
Não somos contra a informação e precisamos
dela, mas a igreja não se reuniu para isto. O que acontece? Jesus foi bem claro
em Lucas 6.45: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o
homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do
seu coração fala a boca.” A igreja se reuniu com objetivos específicos voltados
à adoração. Ela jamais deve ser confundida com os atenienses, os quais nos dias
de Paulo se ocupavam apenas em ouvir ou dizer as últimas novidades.
4. Testemunhar
negativamente
Pregar não é falar detalhadamente sobre a
nossa vida de pecado antes de receber a Cristo como Salvador, isto só gera
constrangimento. Sim, testemunhos devem ser dados, mas só são proveitosos
quando se tem em mente 1 Pedro 4.11: “Se alguém falar, fale segundo as palavras
de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para
que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e
poder para todo o sempre. Amém.”
5. Ter visão
distorcida da glória de Deus
Igualmente pregar a Palavra não é avisar a
igreja o tempo todo que vai descer a glória de Deus e nada acontece! A igreja
cansa de esperar por esse momento “glorioso” o qual nunca chega. Qualquer
crente instruído na Palavra de Deus sabe que a glória de Deus não se manifesta
através desses expedientes. O máximo que esses “pregadores” conseguem é
transmitir uma ideia errada acerca da glória de Deus, principalmente para os
novos convertidos.
6. Querer atuar no
lugar do Espírito
Pregar não é tratar asperamente a igreja
porque ela não está dando “glória a Deus.” Qualquer pessoa sabe que quando o
pregador está sob a unção do Espírito a igreja glorifica a Deus naturalmente
sem pressão nenhuma. Comandos dessa natureza são indícios de que o pregador não
orou, não se consagrou e negligenciou o estudo da Palavra. Ele deveria pelo
menos lembrar que a igreja continua sendo a noiva de Cristo! Imagine como
Cristo se sente vendo alguém brigando com a noiva dele!
7. Dar comandos
exclusivistas
Pregar igualmente não é emitir comandos
exclusivistas do tipo: “Só quem vai morar no céu levanta a mão ai” Se essa
insinuação fosse verdadeira, alguém que sofresse de bursite não iria para o
céu! Nem é necessário dizer que a nossa salvação depende destes modismos
baratos para ser verdade. Graças a Deus, pela liberdade que temos em Cristo não
somos obrigados a obedecer esses tipos de comando.
8. Manifestar
inimizade
Pregar não é desabafar ou discordar direta
ou indiretamente do pastor, dirigente da congregação, ou mesmo de qualquer
membro da igreja. Esta “sabedoria” nunca servirá para a edificação da igreja.
Em Tiago 3.14-16 temos uma alerta de Deus: “Mas, se tendes amarga inveja, e
sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a
verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e
diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a
obra perversa.” Púlpito nunca foi lugar para desabafo!
9. Usar lendas e
mitos como ilustrações
Pregar não é se valer de mitos ou lendas
para ilustrar a mensagem. Embora essas história contenham lições morais, jamais
tem autoridade para ilustrar a verdade da palavra de Deus. Diga-se de passagem,
Deus jamais precisou de uma ajuda extra do diabo (que é o pai da mentira) para
ilustrar a Verdade de sua Palavra. Para isso Deus nos deixou todo o Antigo
Testamento e as parábolas de Jesus, estas são perfeitas ilustrações para
qualquer doutrina bíblica.
10. Gritar em vez de pregar
Pregar não é ordenar publicamente ao
sonoplasta que aumente o volume do microfone apenas para exibir a “excelência”
do timbre de voz do pregador. Na verdade gritaria nada tem nada a ver com
unção. Para muitos pregadores a igreja é composta apenas de surdos e, diga-se
de passagem, é também por esta causa que muitos não-crentes não põem mais os
pés no prédio da igreja. Que se pregue a Palavra com veemência. A Bíblia diz
que Apolo pregava com veemência, mas em Atos 18.24 a qualidade mais destacada
de Apolo era esta que ele era eloquente e poderoso nas Escrituras.
Devemos apenas lembrar que a pregação deve
ser cristocêntrica do começo ao fim, sem subterfúgios para citações descabidas
e modismos absurdos. A exposição do evangelho de Cristo deve ser feita de forma
simples e pura. Isto é o suficiente para que a igreja seja edificada e os
pecadores entendam o plano de Deus para a salvação.
John MacArhur, pastor norte-americano,
quando manifestou a seu pai o desejo de ser pregador, imediatamente o pai lhe
deu uma Bíblia na qual escreveu: “Pregue a Palavra”. De fato, quem se propor à
pregação da Palavra deve estar atento ao significado de “manejar bem a Palavra
da verdade” (2 Tm 2.15)
Fonte: Universidade da Bíblia
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