Este texto eu o escrevi há quase tres anos. Estava
perdido em meus arquivos e agora que o achei resolvi publicá-lo.
Certa manhã de domingo, bem cedo, conduzi meu filho
mais novo para o trabalho. O trajeto era curto e não levava mais de dez minutos
até o local. As ruas estavam molhadas em razão da forte chuva durante a
madrugada. O tempo permanecia instável e uma fina chuva dava o ar de sua graça.
E logo veio, assim como uma garoa, como dizem os paulistas.
Chegamos ao
destino e deixei meu caçula com a promessa de buscá-lo no início da tarde. Em
seguida retornei à estrada que me levaria de volta à casa. Afastando-me
rapidamente daquele local, onde havia grandes e intensas árvores, as quais me
ocultaram a visão quando vinha, na liberdade da estrada, contemplei no céu o
arco-íris. Que coisa linda!, proferi!
A proporção que me afastava e as árvores ficando para
trás, consegui vislumbrá-lo melhor. Ele estava ali a minha frente como que me
convidando para contemplá-lo.
Nunca tinha percebido um arco-iris tão vivo como
aquele. Suas fortes cores distinguia a perfeição do criador. Imponente e
altaneiro, rasgava o céu sem se importar com as nuvens escuras e carregadas ao
seu redor.
Diminui a velocidade do carro para apreciar bem este
espetáculo com grande significado bíblico que trás para os filhos de Deus.
Na verdade, eu queria parar o veiculo e ficar ali um
bom tempo observando os detalhes daquele imenso riscado definido por uma lei já
previamente estabelecida pelo Senhor. Mas continuei dirigindo. Mesmo assim,
esforcei-me o máximo e consegui vê-lo dum extremo ao outro. Neste momento
fiquei maravilhado. Louvei a Deus por este magnífico quadro que só ele
poderia proporcionar.
Já perto de casa, e com o arco-íris na mente, ilustrei
ainda mais minha memória recorrendo aos capítulos sete a nove de Gêneis,
passagem das escrituras que fala da arca, de Noé e sua família, dos animais, do
dilúvio e, claro, do arco-íris. O texto santo diz que o Senhor fez uma aliança
com Noé e por sonseguinte com todos os seus descendentes:
“Eis que estabeleço minha aliança convosco, e
com a vossa descendência, e com todos os seres viventes que estão convosco:
aves, os animais domésticos e os animais selváticos...”. Gênesis
9.9,10.
Antes do dilúvio, Deus olhou para a terra e a viu
totalmente corrompida. Não suportou tal coisa e resolveu pôr fim a esta miséria
entre suas criaturas. Decidiu destruir toda carne criada, humana e animal,
através da água. Fez a terra submergir e com ela tudo que tinha folêgo. Para
contar a história, preservou apenas oito
pessoas e alguns animais, o suficiente para reconstruir uma nova raça e uma
nova terra.
Depois que as águas baixaram, Noé saiu da arca e
edificou um altar ao Senhor. Neste altar sacrifcou animais e aves limpos
oferecendo holocausto. O sacrifício foi recebido por Deus:
“E edificou Noé um altar ao SENHOR; e tomou
de todo o animal limpo e de toda a ave limpa, e ofereceu holocausto sobre o
altar. E o SENHOR sentiu o suave cheiro, e o SENHOR
disse em seu coração: Não tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do
homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice, nem
tornarei mais a ferir todo o vivente, como fiz”. Gênesis 8.20,21
O resultado do dilúvio, que destruiu tudo aquilo que
estava corrompido, não foi outro que corpos de pessoas e de animais misturados
num charco de lama.
Deus vem novamente para Noé e estabelece com ele uma
aliança a qual define que não ”....será mais destruída toda a carne pelas águas do
dilúvio, e que não haverá mais dilúvio, para destruir a terra”.
O sinal desta aliança por gerações eternas seria o
arco-íris posto nas nuvens. Assim sendo, quando essas viessem carregadas e por
elas chuvas, apareceria o arco-íris e Deus então se lembraria de sua aliança
com Noé e toda alma vivente, concluindo que as águas não se tornarão em dilúvio
para destruir toda a carne.
“E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me
lembrar da aliança eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que
está sobre a terra. E disse Deus a Noé: Este é o sinal da
aliança que tenho estabelecido entre mim e entre toda a carne, que está sobre a
terra”.
Gênesis 9:16,17
Gênesis 9:16,17
Fazendo uma reflexão sobre todos estes fatos, percebo
algumas situações aplicadas a muitas pessoas, especialmente aos filhos de Deus.
Muitos de nós estamos preocupados apenas com as nuvens escuras e
carregadas de lutas e problemas prontas para desabar sobre nossas cabeças,
esquecendo no entanto, que Aquele que permite as nuvens carregadas e as densas
chuvas é O mesmo que as faz cessa.
Muitos de nós já não conseguem contemplar a beleza das cores da
vida dada pelo criador porque sua visão está opaca. As chuvas de dificuldades e
os grandes desafios, a serem vencidos, tornam-se como nuvens negras antes de se
materializarem. Esquecem que existe um Deus que em meio ao caos consegue, pelo
seu poder, transformas as mais densas trevas em um deslumbrante arco-íris de
luz.
Muitos de nós estão impacientes e não conseguem esperar passar os
dias sob forte pressão das águas da adversidade, simplesmente por não entender que,
ainda que lá fora tudo esteja alagado, perdido e destruido, dentro da arca há
proteção e segurança porque esta arca é Cristo e que logo, logo, ele fará
aparecer o arco-íris proclamando um novo tempo.
Muitos de nós desfalece porque o futuro parece incerto em razão de uma
única janela que existe para o escape, esquecendo que ao abrir esta janela, a
mesma tem sua direção voltada para cima, para o céu. O futuro dos remidos, de
onde vem a redenção esperada.
Muitos de nós já não tem força para levantar um altar e sacrificar
ao Senhor porque fortes chuvas de aflição deixaram o seu chão deslizante,
lamacento e inseguro. Esquecem estes que o verdadeiro altar existe em si mesmo
e que o melhor sacrifíco oferecido é se submeter ao senhorio do Espírito Santo
para que Ele conduza à terra firme.
Muitos de nós estão nauseados porque para os lados de suas vidas, só
contemplam tempestades de angústia, tristeza e inquietação. Para estes é
necessário aprender a confiar no Senhor da arca pois foi ele que fez o croqui
para ela ser construida e, assim sendo, é Ele que fará acalmar, cessar a
tempestade e parar o vento forte.
Muitos de nós...muitos de nós mesmos, temos que refletir as cores
do arco-íris pois elas simbolizam a multiforme graça de Deus na vida daqueles
que ainda não fizeram uma aliança com Ele.
Por Raimundo Ramos
